PALHAÇA POLINA TORRICCELI

 


Nessa semana estamos falando sobre circo aqui no BLOG e então eu fui procurar palhaças que atuam em circos no Brasil. Tenho descoberto que existem muitas palhaças trabalhando nos picadeiros, mas que por estarem fora no nosso meio teatral, a gente desconhece.

E por isso essa minha busca não para por aqui, mas hoje eu quero lhes apresentar uma palhaça muito especial, a Palhaça Polina Torricceli, criada e vivida pela artista circense Angela Torricceli.


 Avó de Angela costurando a lona de algodão de seu circo.

Angela nasceu no Circo Teatro Gávea (atualmente chama-se Circo Zanchettini), famoso circo no Paraná, de propriedade de sua avó Wanda Cabral Salgueiro Zanchettini. O Circo Teatro Gávea e a Dona Wanda foram tão marcantes no estado do PR, que em Curitiba, no Parque Barigui tem uma praça onde os circos são montados e que foi batizada com o nome de
“Praça Wanda Cabral Salgueiro Zanchettini”.

As mulheres da família Zanchettini já vem de tempos mostrando sua força e determinação como artistas no circo, e com Angela não seria diferente.

Da 5ª geração da família circense, Angela saiu do Circo de sua avó aos 16 anos e foi trabalhar em outros circos como o Circo de Nápoles, Circo Novinski. Logo em seguida, seu pai, Jaime Zanchettini, construiu o Circo Torricceli, hoje com 18 anos, e é onde Angela está trabalhando até hoje.

Sua experiência como palhaça começou quando ainda era criança, segundo ela:

“Eu era a palhaça Batatinha quando pequena, porque no circo a gente começa sempre sendo palhacinho. ”

Quando cresceu passou a fazer diversos números, como contorção, trapézio, corda, malabares, lira, saltos e acrobacias, e muito mais como ela me contou:

“Também fui adestradora de cães, pombos e lhama, mas quando fiz 23 anos estava acima do peso pra ser artista (na minha cabeça, porque na época não podia trabalhar se estivesse gordinha) aí para não sair do Picadeiro inventei a palhaça Polina que faz graça no trapézio voador e daí não parei mais, inventei até música pra cantar durante o show. ”

Em todos os lugares vemos essas restrições e limitações colocadas sob o corpo gordo, não que ele as tenha na verdade.

Bom, mas foi esse fato que fez com que o mundo ganhasse a Polina Torricceli, que atua no circo como dupla de seu pai. Segundo Angela, seu pai é seu grande mestre, foi com ele que ela aprendeu a ser palhaça, e ela o considera o melhor palhaço que ela já viu atuando.

Polina em cena com seu pai, fazendo a esquete do Piquenique.

Mas ela faz mais do que palhaça no circo:

“Trabalho na trupe do trapézio, só eu de palhaça e faço animação dos shows infantis solo e em dupla com meu pai. Trabalhar com meu pai é um prazer e uma responsabilidade enorme, porque ele é o melhor palhaço que eu conheço e ainda é muito exigente. [Ele é minha] Referência, na verdade ele é minha escola em tudo. ”

Quando eu perguntei se ela tem conhecimento desse movimento crescente da palhaçaria feminina, ela me diz que sim, que fica muito feliz com esse movimento e acrescenta:

“Fico muito feliz, embora que no circo onde nasci sempre tivemos palhaça em cena, Magali Gasolina no táxi maluco é um clássico do circo onde nasci. [...] conheço muitas [palhaças] de teatro e de circo. Amo muito a Lili que faz dupla Lili e Cachimbo, no mundo do circo tem a dupla chilena se não me engano Pilin e Pilina, de onde até me inspirei para meu nome. Além de Pilin e Pilina também tem no Circo dos Dinossauros um casal de palhaços, [mas] não lembro o nome. ”

É tão interessante saber da história das mulheres no circo, contada pelas mulheres do circo. E eu estou muito curiosa para conhecer mais esse universo, as referências, as dramaturgias e saber como essas mulheres palhaças veem o seu protagonismo no circo. E ainda falando sobre suas referências como palhaça, Angela traz um outro relato de uma mulher que lhe serviu de inspiração na construção da sua palhaça:

“No Circo Teatro tinham várias personagens cômicas, como a Emília da peça “Fugitivos do cemitério”. A Emília era uma personagem menina que falava sem parar, falava enlouquecidamente, muito rápido, muito rápido e quem fazia no circo da minha avó, era a minha tia Erimeide Zanchettini, que é uma excelente artista, cantora, tudo. Também foi uma referência pra mim como palhaça. ”

Quando fala de sua palhaça, Angela se derrete:

O que eu mais gosto de ser palhaça é ver o público sorrir, acho que me divirto mais que o público e essa energia que volta é como um elixir da imortalidade. ”

Ela também atuou como palhaça fazendo animação em hospitais, mas hoje precisou procurar um trabalho alternativo durante essa pandemia, para poder dar conta das contas, mas me revelou:

“Estou criando um monte de coisas para quando o Torricceli voltar. ”

E eu fico aqui Polina, louca pra te conhecer pessoalmente, animada por ter você mais próxima e muito grata por tua generosidade de partilhar conosco a tua história.


FOTOS DA PALHAÇA POLINA (arquivo pessoal)





Comentários

  1. Olá
    Tive a honra e previlegio de conhecer a grande artista Angela e a incrível Polina. Sua performance altamente qualificada, emocionante, cativante e muito engraçada.
    Quando Polina entra no picadeiro, a vontade que surge imediatamente é de abraca-la.��
    Maravilhosa, anima toda plateia e seu sucesso com as crianças é incrível.
    Mas, falando em incrível, sim isso mesmo, me refiro a artista Angela Torricelli. Essa MULHER é um orgulho para nós mulheres. Mãe, esposa, professora (sim devido a pandemia e professora das artes circenses ), Palhaça Polina, Mágica, acrobata, equilibrista, contorcionista....
    Executa também todas as atividades q envolvem o mundo do circo com muita paixão e dedicação..
    Linda e muito vaidosa ela vai se transformando conforme suas tarefas vão surgindo.
    Fico encantada ao ver esta Mulher se maquiando e dando vida á Polina, algo mágico acontece. Termina com seu batom e um belo sorriso . Pronta, coloca sua peruca rosa claro e vai para sei espetáculo.
    Mulher mágica, seus olhos brilham como as lantejoulas de sua roupa. Fantástico.
    Meu Deus, perco o fôlego ao ver esta Mulher subir com uma bicicleta, acredito de +- 6m de altura, em um fio para se equilibrar e sai pedalando a bicicleta nesse fio como se estivesse em um parque. Nossa!!!!
    Assim como sai do picadeiro, já está auxiliando algum de seus 3 filhos(todos artistas perfeitos), MULHER doce e amável. Obrigada �� família Torricelli

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  2. Muito bonita a reportagem ,parabéns Ângela! Amar o circo tradicional é amar a família que com todos os percalços da vida,ainda faz muita gente sorrir.

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  3. O q falar de vc ...simplismente maravilhosa uma artista que cativa desde os pequenos ate os adultos , com uma energia q leva alegria por onde passa,lembro bem o primeiro dia q conheci vc me ofereci pra cuidar do pequeno miguel durante o espetáculo e assim fui todos os dias e logo estava eu viajendo com vces participando da vida e como eu me orgulho de ter vces como parte da familia .

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