Entrevista com Ângela De Castro (2ª Edição da Revista Palhaçaria Feminina)


 

“Todos os dias agradeço por ter o palhaço em minha vida. Todos os dias.”

 

No início do ano de 2012 fui convidada pela segunda vez para participar do Festival Internacional de Comicidade Feminina - Esse Monte de Mulher Palhaça, organizado pelas Marias da Graça no Rio de Janeiro e lá tive a surpresa e o prazer de conhecer Ângela De Castro. Tive a oportunidade de por algumas horas trabalhar com ela, quando na ocasião ela dirigia o Combinado, espécie de cabaret de palhaças. Fiquei tão lisonjeada quando ela fez questão da minha presença no Combinado, mesmo que eu não tivesse tempo de ensaiar. Então De Castro, generosamente se disponibilizou a ensaiar comigo as 8h da manhã no quarto do hotel, entre o café e a minha oficina. E a cada encontro, naquelas manhãs, tardes e noites de ensaio eu ficava encantada com a forma como ela respeitava as palhaças que estavam na sua frente, como ela ajudava, cuidava, trabalhava, lapidava cuidadosamente e com firmeza e doçura.

Hoje fico muito feliz em poder conduzir esta entrevista e conhecer um pouco mais do trabalho desta grande artista. Estou certa de que o seu coração de palhaça ficará estampado nestas páginas De Castro e que seu profissionalismo irá inspirar a muitas mulheres corajosas deste mundo.

 

Michelle Silveira – Ângela, como você se iniciou na arte da palhaçaria? E quais foram suas primeiras experiências nesta área?

Ângela De Castro - Minha estória com o palhaço começou em 1980 quando, fazendo a 1ª. tournée internacional com o espetáculo brasileiro Macunaíma, vi um espetáculo do palhaço do teatro no Festival Internacional de Teatro in Freiburgh, Alemanha. Eu não me lembro o nome do espetáculo e nem do nome do palhaço, mas nunca me esqueci do espetáculo, que me tocou profundamente e mudou a minha vida e carreira. Sai do teatro emocionada e perguntei a um ator estrangeiro que estava comigo:

- O que é isso? Que tipo de teatro é esse?

E ele me disse:

- Isso é clowning.

E eu disse:

- Não, não pode ser clowning. O ator não tem roupa de palhaço, não tem cara de palhaço, nem nariz vermelho e nem maquiagem de palhaço. Isso não é palhaço não!

E o ator me disse:

- Isso é o palhaço do teatro. Pensa bem, o Chaplin, o Buster Keaton, o Gordo e o Magro, o Harold Lloyde, o Jacques Tati são palhaços e não usam o visual do palhaço de circo. Mas são palhaços da maior qualidade. Pensa no Fellini e na Giulieta Massina. Eles também são palhaços e usam o trabalho do palhaço de uma outra maneira.

E foi aí que a ficha caiu (como se dizia naquela época) e eu disse:

- É isso aí. Eu sou palhaça.

Voltei para o Brasil e disse a todos: - Pessoal, sou palhaça! Ninguém entendeu nada. Pensaram que eu tinha enlouquecido. E foi assim que começou a minha busca do palhaço. Um desafio total, pois naquela época não tinha muita gente que sabia do que estava falando. Fui parar na Escola de Circo da Praça da Bandeira no Rio de Janeiro. Lá me disseram que não ensinavam palhaço. Fui a todos os lugares possíveis pelo Brasil inteiro. Entrei em contacto com pessoas que estiveram na Europa e tinham uma noção do que eu estava procurando, mas nada aconteceu.

Por acaso, vi um espetáculo de um grupo gaúcho dirigido pela Maria Helena Lopes no Festival de Teatro da Ruth Escobar em São Paulo. O espetáculo chamava-se 'Os Reis Vagabundos'. Um espetáculo genuíno do palhaço do teatro. Eu conhecia algumas pessoas do elenco e falei com eles da possibilidade de estudar com eles, fazer um estágio, sei lá ... Um deles me disse:

- Olha, você vai ter que mostrar pra Maria Helena alguma coisa. Só falar não vai adiantar nada.

Então, pela primeira vez, criei um pequeno número, super básico, simples, e lá fui eu mostrar pra Maria Helena. Eu tremia dos pés a cabeça. Ela foi simpática, mas não me convidou para nada. Mesmo assim, arrumei a minha malinha e me mandei pra Porto Alegre. Fiquei morando em Porto Alegre por uns dois meses com duas pessoas do elenco. Não consegui trabalhar com a Maria Helena Lopes, mas acabei usando todos os meus contatos e produzi uma tournée para o espetáculo em quatro cidades brasileiras através do Projeto Mambembe. Eu achei que o espetáculo merecia ser mais visto. Talvez as pessoas pudessem entender melhor sobre o trabalho do palhaço do teatro. E eu também tive a oportunidade de viver naquele universo por mais um tempo.

Depois da tournée voltei para o Rio de Janeiro e continuei procurando pelo trabalho do palhaço enquanto trabalhava em outras produções. Em 1983 cansei de procurar e resolvi abrir a minha própria companhia, tendo como parceiro o diretor Jose Lavigne, que já vinha fazendo uma pesquisa sobre teatro circo com o grupo dele, o 'Manhas e Manias'. O grupo era formado por Cláudio Baltar, Débora Bloch, Andréa Beltrão e outros.

Juntos produzimos dois premiadíssimos espetáculos infantis. Mesmo com todo o sucesso e todos os prêmios que recebi pelos espetáculos na época, comecei a ficar super angustiada com o fato de que ainda não estava trabalhando no tipo de palhaço que gostaria de trabalhar. Estava perto, mas ainda não essa isso.

Em 1986 recebi um convite para fazer uma tournée com um espetáculo pela França e Portugal. No final desta tournée passei por Londres para visitar uma amiga antes de voltar para o Brasil e começar a nossa nova produção. E foi ai que a minha vida virou. Assim que cheguei a Londres para uma visita de uma semana, a minha amiga disse:

- Olha, sabe esse negócio do palhaço do teatro que você vive falando há anos? Tem um curso que vai começar daqui a duas semanas aqui. E um curso exatamente sobre o que você está procurando.

Foi uma decisão muito difícil, mas decidi ficar para fazer o curso. Fiz o curso por seis meses. Uma maravilha. Nunca me esqueço da emoção que senti quando entrei no estúdio no primeiro dia de aula. Quando vi o brilho no olhar das pessoas que já estavam lá esperando para a aula começar, quando vi aquele brilho de pura alegria e maravilhados, encontrei minha família. Quando o curso terminou e eu já estava com passagem marcada para voltar para o Brasil, fui parar numa Convenção de palhaços no País de Gales. Uma experiência incrível. Dois dias depois e dez dias antes da minha volta para o Brasil, fui convidada para fazer um teste para uma companhia de circo teatro. Eles estavam procurando uma mulher palhaça para entrar no grupo. Um grupo de seis palhaços de vários países.

Eu fui ao teste só pra ver como testes eram feitos na Inglaterra. Pura curiosidade, nada mais. Eu não falava inglês nenhum. Bem, final da estória, dois dias depois do teste o grupo me ofereceu o trabalho.

Foi assim que fiquei na Inglaterra.

Comecei a atuar profissionalmente em 1972 (teatro amador de 1967 a 1971). Eu sempre fui uma atriz diferente. Em primeiro lugar porque nunca consegui aceitar o conceito teatral da 4ª parede. Sempre achei que fazemos teatro para as pessoas, para o público e como é que eu posso ignorar a presença da platéia? Então sempre mantive contacto com a platéia. Em segundo lugar, intuitivamente, sempre usei o contra ponto quando improvisava cenas e os diretores sempre gostavam disso. Também sempre fui interessada em como o teatro é feito. Todos os setores de fazer teatro sempre me interessaram. Da venda de ingressos a iluminação, da direção ao cenógrafo e a toda parte administrativa de uma produção teatral.

 

MS – Sei que tens grande reconhecimento como palhaça no exterior, e agora podemos entender como se deu sua ida pra lá, mas e no Brasil, onde você atuou?

AC - No Brasil comecei atuando no Rio de Janeiro, sendo dirigida em vários espetáculos pelos diretores Fernando Peixoto, Luiz Mendonça, Benjamim Santos, Amir Haddad, Grupo Embu e outros. Atuei em filmes dirigidos por Carlos Alberto Prates, Arnaldo Jabor, Eunice Gutman, entre outros. Em São Paulo fui dirigida pelo Osmar Rodrigues Cruz no espetáculo 'Noel Rosa, o Poeta da Vila' que inaugurou o Teatro Sesc da Avenida Paulista e Antunes Filho na memorável primeira produção do espetáculo Macunaíma.

 

MS - Já no exterior, quais foram as experiências mais significativas que você teve como palhaça e diretora em outros países?

AC - Bem, em quase 27 anos que estou no exterior tive muitas experiências significativas. No início, foi o fato de fazer parte de um grupo formado de palhaços internacionais e viajar por quase todo Reino Unido, várias cidades da Europa e algumas cidades da Rússia. De grandes cidades a pequenos vilarejos. Viajávamos e vivíamos num ônibus. Foi fascinante trabalhar como clown e ser reconhecida como tal.

Depois disso, foi quando criei e comecei a fazer tournée com o meu próprio espetáculo 'The Gift’ (O Presente), que em sua primeira versão ganhou o prêmio de um dos três melhores espetáculos solo feminino, no Festival Internacional de Edinburgh na Escócia. Prêmio dado pela BBC de Londres. Foi incrível a recepção que o espetáculo teve em todo lugar. Um espetáculo simples, modesto, mas reconhecido. Isso me deu a maior força para continuar e uma confiança em meu trabalho como palhaça.

Não posso deixar de mencionar o espetáculo 'Snowshow' que criei com o palhaço russo Slava Polunin. Em sua primeira versão o Snowshow foi apresentado só com o Slava e eu. Um espetáculo enorme que colocou 'clowning' no West End de Londres (o West End de Londres é como a Broadway de Nova York). Foi emocionante jogar para uma platéia de mais de 1000 pessoas diariamente. Um espetáculo sem palavras que tocou a todos, adultos e crianças. Eu atuei neste espetáculo por quatro anos viajando pelo mundo todo e tocando a todos da mesma forma. Recebemos todos os prêmios possíveis tanto na Inglaterra como em outros países. Eu saí do espetáculo em 1999 e o que muito me emociona é o fato de que até hoje sou reconhecida pelo meu trabalho neste espetáculo. Me emociona o fato de como o meu trabalho neste espetáculo tocou tão profundamente muita gente. Gente que até hoje não esqueceu do meu trabalho no espetáculo.

Outra experiência inesquecível foi quando viajei com o meu espetáculo solo 'My Life Is Like a Yoyo' (Minha vida é como um ioiô). Um espetáculo autobiográfico, em que conto estória, canto, danço, falo poesias...Viajei oito meses pelo Reino Unido e Irlanda, e sempre no final do espetáculo, vinha alguém me agradecer e dizer que se sentiam representadas.

Outra coisa que é muito significativa foram os prêmios que ganhei pelo meu trabalho não só no palco, mas como uma pensadora de palhaço. Recebi um prêmio do governo inglês em 2002, chamado Dream Time (Tempo de Sonhar). Este prêmio foi pelo meu estudo sobre O Palhaço e o Mundo Moderno. O que o palhaço tem a oferecer ao mundo de hoje em qualquer disciplina. Também recebi o prêmio da Arts Foundation da Inglaterra e uma 'fellowship' da Royal Scottish Academy of Music and Drama, a mais importante universidade de Teatro e Música da Escócia.

Muita coisa é significativa para mim. Às vezes pequenas coisas, como quando sou abordada na rua ou num teatro por pessoas que fizeram o meu curso e dizem o quão importante foi para elas o que as ensinei. Uma vez fui assistir a um espetáculo de um ex-aluno meu em Berlin. No final do espetáculo ele ficou super comovido em me ver lá e disse: - De Castro! Espera aí que eu quero lhe mostrar uma coisa. Ok, esperei e lá veio ele com o texto do espetáculo dele e me mostrou que ao lado do texto estava o caderno com as anotações que ele fez durante o curso que fez comigo. Todo o texto tinha referências ao trabalho que ele fez comigo. Isso me emocionou muito. É como ganhar um prêmio.

É significativo pra mim saber que o meu trabalho, que veio de uma pesquisa super individual, afeta tanta gente. Tanto quando estou fazendo algum espetáculo quanto ao meu trabalho como formadora em qualquer lugar do mundo.

Em Junho de 2013 estive trabalhando na China, na Shanghai Theatre Academy e agora em 13 de julho estou no Nepal, dando meu curso de palhaço para os artistas do Circo Kathmandu. Nunca estive em lugares com culturas tão diferentes. Aqui em Kathmandu os artistas são jovens adultos que quando crianças (05 anos de idade) foram traficadas e vendidas por suas famílias para os circos da Índia. O treinamento foi uma espécie de tortura e viviam em condições subumanas. Há 10 anos atrás uma Fundação britânica descobriu isso e resgataram muitas dessas crianças que hoje tem de 19 a 23 anos de idade. Alguns desses jovens resolveram continuar a trabalhar em circo e esta Fundação criou o Circo Kathmandu. A coisa de uns dias atrás soube que duas irmãs foram resgatadas recentemente. Elas têm 22 e 23 anos de idade e estavam num circo da Índia desde que quando tinham 06 anos de idade.

O trabalho aqui é desafiante, pois esses artistas não têm referência alguma de teatro ou palhaços do oeste. Estou tendo que adaptar todo o meu trabalho como pedagoga para que o trabalho seja acessível. Trabalho com um intérprete, o que dificulta tudo. Eu sempre uso muita música nos meus cursos. Normalmente músicas simples, tipo disco, marchinhas de carnaval e os Beatles. Pois bem, esse pessoal nunca ouviu falar dos Beatles. Em mais de 20 anos como formadora, eu nunca ensinei pra alguém que não conhece os Beatles! De qualquer maneira, eles vêm dançando os Beatles como se fosse música pop do Nepal.

MS - Incrível esta sua experiência no Nepal, imagino o quanto está sendo rico para você e para estes jovens. Mas agora quero saber sobre seus palhaços, conhecendo seu trabalho de palhaça, nos deparamos com figuras masculinas encantadoras, o Silva e o Souza. Como é para você enquanto mulher trabalhar com uma variedade de figuras masculinas?

AC - Olha, eu não decido se as minhas personas palhaças vão ser femininas ou masculinas. É difícil de explicar, mas esses palhaços vêm a mim. Quando abro este canal do 'estado do palhaço' eu não sei bem o que vai acontecer. Eu deixo rolar. Não é uma coisa planejada. Eu não penso: 'Ah! Hoje vou criar um novo palhaço. ' Eles me vêm sem pedir licença. Às vezes vem rapidinho, como no caso do Silva, em um dia. Eu estava trabalhando numa pequena cidade no oeste da Austrália. Era o dia em que as pessoas iam botar seus figurinos. Eu resolvi me vestir também. Então vesti uma bermuda azul, uma camisa social branca, uma gravata e um paletó que tinha. Achei uma armação de óculos preta no caminho da sala e lá fui eu. No caminho encontrei minha assistente, que conhecia o Souza muito bem e ela disse:

- Ah! Resolveu se vestir também? Quem é esse? O Souza de roupa nova?

E eu disse:

- Não, não é o Souza, não sei... Só me vesti pra dar uma força pro pessoal.

Quando entrei na sala me senti diferente. Alguma coisa aconteceu, não sei. Me deu uma coisa, o santo baixou...Passei o dia inteiro perturbada e me comportando de forma diferente. Super mandona, super ágil, pulando, correndo, falando super alto (quem me conhece sabe que não pulo e nem corro). E a minha assistente no final do dia disse:

- Mas quem é esse?

E eu: Bem, não é o Souza, mas é perto. Pode ser um parente mais jovem.

No final, descobri que o Silva é o sobrinho do Souza (se o Pato Donald tem sobrinhos e ninguém sabe de onde eles vieram porque o Souza não pode ter um sobrinho também?) Eu acho que tenho uma tendência a criar palhaços andrógenos, onde o sentimento e emoções são mais importantes do que a referência sexual.

 

MS – Adorei saber do nascimento do Silva. Ângela, como você vê o reconhecimento da mulher palhaça no Brasil e fora dele?

AC - O engraçado é que no Brasil e em outros países o trabalho da mulher palhaça é mais reconhecido do que aqui na Inglaterra. Aqui na Inglaterra não se tem um Festival de Palhaços e muito menos Festival de Mulher Palhaça. Curioso não é?

Fiquei super emocionada em 2001 quando fui ao 1º Festival Internacional de Mulheres Palhaças de Andorra, La Velha. Nunca vi tanta mulher palhaça juntas. Palhaças de todos os lugares. No final do festival teve uma parada/cortejo pela cidade inteira. Uma celebração. No final eu chorava sem parar nos braços do técnico de iluminação do meu espetáculo.

Em 2003 fui ao Festival novamente e lá encontrei pela primeira vez 'As Marias da Graça'. Foi emocionante encontrar brasileiras fazendo a mesma coisa que eu.

Acho super importante que as mulheres palhaças sejam reconhecidas num campo que foi dominado por homens por muito tempo. Temos grandes referências de mulheres comediantes e de certa forma palhaças no Brasil como a Dedé Santana, a Dercy Gonçalves, a Regina Casé, entre outras que os nomes não me vêm a mente no momento.

O que é mais importante acima de tudo é que o trabalho do palhaço seja reconhecido. Qualquer palhaço, homem ou mulher. O trabalho do palhaço vai além de qualquer coisa. O importante é que nosso trabalho atinja pessoas de qualquer sexo, idade, cultural background, lugar e situação econômica.

 

MS – Ângela, muito grata por você ter concedido esta entrevista tão generosamente. Gostei muito de conhecer mais de perto a sua história. E para finalizar, o que você gostaria de compartilhar por meio de palavras com as palhaças do Brasil e do mundo?

AC - Queridas. Ser palhaça não é fácil. É uma jornada que não tem fim. Continuem pesquisando, nunca parem de pesquisar e estudar. Tenham coragem de fazer coisas diferentes e de se reinventar. O mundo está em constante movimento. Nada está escrito na pedra. Tudo muda e essa mudança deve ser refletida em nosso ato de criação. Nunca percam a perspectiva de que representamos muita gente com o nosso trabalho. Ser palhaço/palhaça é uma arte super nobre. Uma arte que requer coragem, disciplina e perseverança. Eu desejo a todas, muito carinho, alegria, liberdade, afeto, simplicidade, coragem, força, amor, inocência, esperança, boa sorte, felicidade, saúde, leveza, suavidade, calma, espontaneidade, risadas, inspiração, criatividade e todo o amor que meu coração de palhaça pode oferecer. Saudades do Brasil. Muitas.

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