Sobre o filme MINHA AVÓ ERA PALHAÇO

 


Racismo, machismo e a longa luta de um palhaço pelo papel principal no espetáculo circense são os assuntos discutidos no documentário “Minha avó era palhaço”, dirigido por Ana Minehira e Mariana Gabriel - esta a neta do palhaço
Xamego, personagem homem criado pela atriz negra Maria Eliza Alves dos Reis, nas décadas de 1940 a 60, faz parte da história do Circo Guarany, inaugurado no início do século XX pela tradicional família do proprietário João Alves.

O palhaço Xamego, cujas apresentações, ao lado do marido Reis, eram anunciadas pelo baião homônimo de Luiz Gonzaga, foi tema do projeto-pesquisa “Xamego, a primeira palhaça negra do Brasil” agraciado pelo Prêmio Caixa Funarte Carequinha de 2014. Com duração de 52 minutos, o filme é resultado de entrevistas, consultas no acervo do Centro de Memória do Circo, leituras de teses nacionais e internacionais, sites variados e bibliografia de temas relevantes.

Os trabalhos duraram cerca de dois anos, com equipe particularmente envolvida pelo tema deste palhaço-mulher que no camarim amamentava os filhos – teve nove - e, no picadeiro, alegrava e seduzia a plateia, com seus chistes, pilhérias, cachorros e gatos amestrados e musicais hilários.   

Em três anos de exibições pelo Brasil, a partir da festa de aniversário do palhaço, em março de 2016 no Cine Arte 1, na avenida Paulista, interessantes debates foram realizados com a presença da equipe e entrevistados participantes do filme.

No dia 28 do mesmo mês de março, a atriz Maria Eliza foi homenageada no edital de seleção e apoio da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo a projetos de circo e circenses. O “Edital Xamego” elencou os vencedores e uma das contempladas foi a Companhia Trupe Liuds de Circo, que vem apresentando o espetáculo “Mjiba, a boneca guerreira”, com destaque para o protagonismo negro em artes circenses.

Os destaques de 2017, foram as participações no Circos - Festival Internacional SESC de Circo, em São Paulo, com três sessões no CineSesc, da rua Augusta, seguidas de mais exibições na SESCTV, via internet, e a estreia internacional do filme. Foram três exibições realizadas no México, no mês de novembro, com participação no Festival Internacional Circo y Chou (com duas apresentações no Teatro da Aliança Francesa) e na Feira Internacional de Livro (no Foro-FIL-Niños), ambos em Guadalajara.

No primeiro semestre de 2018, o filme esteve em unidades do SESC de São Paulo e interior, integrou a programação do SESC TV, de Festivais de Palhaçaria Feminina e Fábricas de Cultura, seguido de bate-papos preciosos com crianças e adolescentes sobre o protagonismo feminino e negro nas artes.

Até o momento, o filme esteve em 11 estados brasileiros – São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Sul, Paraná, Paraíba, Alagoas - e também em Brasília, foi assistido por cerca de 7 mil pessoas, computando-se mais 2 apresentações nas salas mexicanas, retornando ao Teatro da Aliança Francesa e estreando no Patronato del Centro Historico, também em Guadalajara. Em  maio celebramos a centésima sessão integrando a programação da Virada Cultural, no SESC Campo Limpo. Ainda em 2017, o filme foi apresentado no Shopping Frei Caneca dentro do projeto Afro-Educação, sendo assistido pelo segundo maior público do evento, em 10 anos de existência e no Teatro São Pedro em Porto Alegre, dando início a parceria com a PUC do Rio Grande do Sul. No ano de 2019, fez sua segunda viagem internacional, para Buenos Aires, integrando a programação do FITLÂ – Festival Itinerante de Teatro Latino-americano, no pulsante Centro Cultural Recoleta.


Dona Maria Eliza tem recebido homenagens que a deixariam muito orgulhosa: seu personagem Xamego batizou o Centro Acadêmico do Instituto de Artes da UNESP, na Barra Funda. Ela emprestará também o seu nome a uma das salas da Universidade do Estado do Amazonas - UEA em  Manaus.

Não bastasse isso e as 137 exibições do documentário realizadas até agora, o Palhaço Xamego foi um dos 14 personagens escolhidos para a Exposição Palhaços Brasileiros, que ocupou em abril e maio uma das salas da Galeria Olido, no centro de São Paulo, onde fica a sede do Centro de Memória do Circo. Dona Maria Eliza era a única mulher representada pelos bonecos feitos com maestria pelo escultor João Goudinho. Ao lado do Xamego estavam Benjamim de Oliveira, Polydoro, Alcebíades, Chicharrão, Piolim, Arrelia, Pimentinha, Carequinha, Fuzarca, Torresmo, Pinguim, Picolino I e Picolino II – uma honra destinada a poucos artistas dos picadeiros nacionais.

                Em 2020, a história de Maria Eliza passa a integrar a programação do Canal Brasil, ganhando as telinhas nacionais e demais países de língua portuguesa, os quais o canal abrange.


TEXTO DE Mariana Gabriel 


TRAILER DO FILME AQUI 

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