Filó do Tororó: Ai de mim sem ela (Lendo as Palhaças do Brasil)

 
Olá, sou Flávia: uma enfermeira, professora, mãe e esposa que resolveu abrir as portas de casa, ou quem sabe do coração, para Filó do Tororó (ou só Filó, mesmo) entrar e morar de vez.

Filó, nasceu em 2016, quando eu retornava de uma licença sem vencimento de dois anos do Curso de Enfermagem da Universidade Vale do Rio Doce/Univale. Um retorno marcado por uma novidade, não seria só mais supervisora de estágios, mas também docente de sala de aula, uma nova experiência despontava em minha carreira profissional.

Mas a novidade não parou por aí, tal retorno foi coroado com a proposta de ser docente extensionista do Projeto Anjos da Alegria/Univale, fruto de um sonho guardado há alguns anos, pensado junto com uma amiga de trabalho, tanto do serviço público o Creden-pes (nosso camarim desde então e de onde começamos a nossa intervenção em palhaçaria hospitalar), quanto da Univale.

Com minha licença, essa amiga da fisioterapia deu seguimento ao sonho junto com um professor da pedagogia, que aliás é ator e já atuava como palhaço profissionalmente, e inscreveram o projeto de extensão. Esse professor é o Furreca, o nosso grande despertador de identidade palhacesca, nosso amigo querido.

Cheguei na abertura do projeto e, aos poucos, fui descobrindo que a Filó estava pronta para nascer e que tinha muita coisa parecida comigo. Somos alegres, extrovertidas e nem um pouco preocupadas com o que vai acontecer daqui a pouco, se o assunto for alegria, é claro.

Ah, mas esse lindo nome foi “batizado” por uma aluna da pedagogia, que era tão espalhafatosa como Filó e de cara gostei da sugestão. O sobrenome foi dado por mim, pensando de onde eu vim, um lugar que enche meu coração de alegria, toda vez que lá retorno: minha terra chamada Taparuba, meu “tororó”!

Filó segue cumprindo o propósito de ter nascido: buscar na arte da palhaçaria hospitalar, oportunidades de encontros entre educandos, educadores, profissionais de saúde, internos do hospital municipal de Governador Valadares, acompanhantes, pessoas que passam pelo nosso caminho, internautas e tantos outros que nos acompanham nesse projeto lindo de extensão.


Filó e eu também, enxergamos o projeto Anjos da Alegria/Univale como um celeiro de risadas, de formação interprofissional, de descobertas de talentos multifacetados. A cumplicidade e parceria dos demais professores extensionistas e seus palhaços: Furreca, Felizbina, Tampinha e Buhh, fazem de Filó uma atrapalhada guerreira, que não desiste nunca da humanização hospitalar por meio do riso, do improviso, da música, da contação de estórias e de tantas outras oportunidades de fazer a diferença na vida de alguém.

na magia, na graça e na coletividade, ai de mim se não fosse ela. A sua alegria extrapola o ambiente acadêmico, contagia meus familiares e amigos, e confirma que seu nascimento foi um acontecimento lindo e que segue seu curso.

Nós duas nos reinventamos com estudos permanentes sobre palhaçaria hospitalar, mas muito mais com a entrega ao chamado que a área da saúde nos fez em 1998 e em 2016: servir com alegria, com ética e técnica, mesmo nas adversidades, buscando inspiração na educação popular em saúde, nas práticas de autocuidado e de promoção da saúde.


Ser Filó do Tororó é passar por um portal, rumo ao sagrado do outro, a vida.

Autora: Flávia Rodrigues Pereira - Palhaça Filó do Tororó - Governador Valadares/MG

Currículo: Enfermeira graduada em 1998 na Universidade Federal de Alfenas (Unifal). Especializada em Saúde Pública, Preceptoria no SUS, Educação e Enfermagem, Mídias na Educação. Mestre em Gestão Integrada do Território. Enfermeira concursada há 20 anos na Secretaria Municipal de Saúde de Governador Valadares, lotada no Centro de Referência em Doenças Endêmicas e Programas Especiais (CREDEN-PES). Preceptora no internato de Saúde Coletiva da Medicina da UFJF-GV. Educadora Popular em Saúde.

Fotos: Miguel Pereira Ramos 

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